terça-feira, 7 de junho de 2011

Por que é tão difícil aprender uma outra língua?

Por todos os anos que tenho trabalhado ensinando inglês, esta pergunta é a mais comum. Tenho conhecido muitas pessoas que tentam aprender e acabam desistindo por acreditarem que inglês é muito difícil. Outras pessoas dizem que espanhol, italiano ou francês são muito mais fácil. Estas idéias não são erradas, o que é errado é imaginar coisas dos tipo "se eu fosse mais jovem, aprenderia mais rápido"; "se eu pudesse morar fora do Brasil com certeza tudo seria diferente". Pessoalmente não acredito em nenhum desses argumentos. Conheço pessoas que moraram fora do país e não conseguiram se dar muito bem com o inglês, conheço também pessoas com mais de quarenta anos que se comunicam muito bem.
Qual é o problema então? Para esta perguntas poderíamos ter inúmeras respostas, mas neste momento vou me deter em um único ponto: como eu absorvo a língua que estou aprendendo. A absorção de informações pelo cérebro humano se dá através de nossos sentidos, olfato, visão, tato, audição e paladar. quando pensamos em lígua, devemos imaginar que não conseguiremos aprender pelo paladar nem pelo tato, muito menos pelo olfato. O que usaremos é a visão e a audição. Muitas pessoas preferem tentar aprender pela visão - isto é, lendo - mas esquecem que a língua é um instrumento de comunicação oral e por isso o melhor modo de aprendê-la é através da audição e do nosso aparelho fonador. Não basta ler muitos livros em inglês, estudar gramática ou decorar listas de verbos ou de vocabulário. Na verdade estas técnicas praticamente não servem para quase nada no processo de aquisição de uma nova língua.

Pense em como uma criança aprende a falar. Ela ouve muitas vezes as mesmas palavras dentro de frases, a partir disso ela começa a repetir alguns fragmentos de algumas palavras, com o tempo consegue falar estas palavras e após alguns anos se comunica claramente (salvo em casa patológicos). Você já se imaginou dando para uma criança de mais ou menos um ano e meio um livro de gramática e dizendo: "estude isso para aprender a falar português". Sou muito estranho, não é? O ser humano só tem contato com regras e alfabetização após já estar muito familiarizado com os sons e usos das palavras. É assim que funciona. A diferença é que depois de alguns anos de experiência com seu próprio idioma, as sinapses e conexões neurais necessárias para o uso da oralidade já estão praticamente completas e o que resta é apenas o armazenamento de novas informações nos centros de especializações do cérebro. Para que isso aconteça o aprendiz da língua estrangeira deve deixar de lado o medo de 'falar errado'. Tente se comunicar, ser entendido. A partir deste ponto resta apenas o aperfeiçoamento. A aquisição de vocabulário, verbos e regras são passos dados ao longo do trajeto, mas com certeza o primeiro passo deve ser acreditar que consegue aprender. O passo seguinte é praticar mesmo sem ter certeza se está sendo claro ou não. Daí para diante é só aperfeiçoamento. Lembre-se que não existe falar certo ou errado, desde que o que seja dito tenha sentido e seja compreendido por alguém. Não se prenda a detalhes como qual preposição usar, o pronome dever ser este ou aquele... tudo isso é importante, mas eles serão mais compreensíveis com a prática.
Vá em frente e não deixe de praticar. Com certeza sua habilidade de usar uma língua estrangeira crescerá muito.

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