Por muitos anos tenho ouvido professores dizendo que estão cumprindo seu dever ao entrar na sala de aula e transmitir seus conhecimentos a um grupo de alunos que nem sempre estão interessados no que está sendo dito. Parece que há na cultura brasileira (e quem sabe se não de outros países também?) a idéia de que o professor é um sofredor que ganha muito pouco para fazer muito.
Imaginem a situação dos grandes artistas de todos os tempos. Eles faziam oque sentiam que poderia mudar da alguma forma a visão que as pessoas têm do mundo. Muitos deles não foram compreendidos duarente sua vida e talvez nem após a morte. Isto não diminuiu o valor de sua obra. Alguns são aclamados justamente por não ser possível compreendê-los. Vejam o caso de Monalisa, ela está ou não sorrindo. Ninguém jamais saberá, mas é inegável a contribuição deste quadro para os estudos da arte e de sua história.
Se a arte não é entendida, porém respeitada, será que o que fazemos numa sala de aula não acaba se tornando um trabalho artístico? Qual é o melhor material para se moldar e conseguir resultados fantasticamente inesperados, além do ser humano? Não creio que exista nada melhor. Pensem no espanto de uma criança ao ver seu professor que sempre lhe pareceu equilibrado cantar no meio da aula uma musica infantil, ou quem sabe jogar amarelinha ou pular corda no recreio. Talvez poucos imaginem que este tipo de atitude pode ensinar mais do que todas as regras gramaticais e fórmulas matemáticas. A arte de ensinar é como a arte de pintar um quadro, o resultado final é desconhecido até mesmo pelo artista, porém os observadores que virão, e quem sabe o próprio artista, se surpreenderão com o resultado. Este pode ser muito bom ou muito ruim, depende do que o criador acredita que pode fazer.
O dever de ensinar é mais fácil de ver o resultado, o aluno passa de ano ou reprova, é matemático. Não tem como errar sobre o resultado. O professor apenas faz o que tem que fazer, entra na sala, ensina, vai para casa se lamentando (ou não) de todas as provas e trabalhos que tem para corrigir e torce para que os alunos bagunceiros saim do colégio ou levem uma bronca tão grande que mudem de comportamento.
Não é fácil dizer o que é utópico ou não na arte de ensinar, mas é fácil de prever o que pode ser real no cumprimento do dever de ensinar. Ao cumprir meu dever como professor posso ajudar um aluno ou outro a ter boas notas e passar de ano, ensino o que ele precisa para o Enem, vestibular e outros testes seletivos, porém não sou responsável e talvez nem tenha grande participação no desenvolvimento de um ser humano.
Para encerrar, deixo uma pergunta que não tenho certeza se sei a resposta: Como professor, devo me preocupar em cumprir meu dever ou tentar criar algumas obras primas, mesmo que poucas e que eu jamais saiba se foram bem sucedidas ou não.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
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